Fantasma do Risco Fiscal e o segredo dos investidores de sucesso
Olá investidor(a),
O ano de 2021 tem sido desafiador para os investidores brasileiros de longo prazo. Enquanto as bolsas internacionais batem recordes, como a bolsa norte-americana, o S&P 500 acumula alta de 24,6% no ano, no Brasil o IBOVESPA acumula perdas superiores a -13%.
As causas vão desde a dificuldade em aprovar reformas, como o risco da flexibilização do teto de gastos e do governo gastar mais do que deve, que veremos mais profundamente em nossa carta mensal. O que leva a uma piora significativa nas perspectivas quanto a inflação e taxa SELIC, a taxa básica de juros do Brasil.
No último relatório FOCUS as projeções para o IPCA, principal indicador da inflação no país, foram de 8,51% em 2021 para 9,17%.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou a SELIC em mais 1,5 ponto percentual na reunião de quarta-feira que está em 7,75%, 27/10, e confirmou que manterá a dose no encontro agendado para dezembro, o último deste ano, encerrando a taxa básica de juros da economia brasileira a 9,25%. As informações constam na ata da 242ª reunião do colegiado.
Principais índices:
Índices | Último | %Mês | % Ano |
IBOVESPA | 103.412 | -6,38% | -13,11% |
S&P 500 (EUA) | 4.680 | 7,69% | 24,60% |
Dólar Comercial | 5,604 | 2,28% | 7,74% |
Petróleo WTI (US$/b) | 78,81 | 0,86% | 64,08% |
O segredo dos investidores de sucesso
Com o cenário conturbado muitos investidores se perguntam, qual a estratégia para ter melhores resultados nos meus investimentos. Diariamente somos bombardeados com dezenas de notícias com a melhor ação, fundo do momento ou até mesmo estratégias para lucrar rápido, com a compra e venda ativos dentro do mesmo dia, o famoso Daytrade.
Mas fica a dúvida, qual a melhor estratégia de investimentos para mim? Qual o fator responsável pelo resultado dos investidores de sucesso?
Para responder esta pergunta a Vanguard, gigante do mercado financeiro Global com mais de 7 trilhões de dólares sob gestão, realizou um estudo extenso para entender qual o fator que determina o sucesso das diferentes estratégias de investimentos.
Para isso eles analisaram milhares de investidores e separaram as estratégias em duas partes, alocação estratégica e alocação tática.
Alocação Tática: a alocação tática consiste em comprar e vender ativos com alta frequência, buscando acertar o momento ideal para a compra e venda. Esta é de longe a estratégia mais falada pelo mercado e conhecida por muitos nas operações de daytrade. Nela os investidores tentam acertar o "time" do mercado (market timing), comprando e vendendo no momento exato para obter o lucro.
Alocação Estratégica: esta estratégia consiste em criar uma carteira de investimentos diversificada, com diferentes classes de ativos, descorrelacionados e em economias diferentes e esperar a valorização dos ativos no tempo rebalanceando eventualmente. Ou seja, não colocar todos os ovos em um único cesto e esperar a ação do tempo.
Podemos observar os resultados desta pesquisa na imagem a seguir:
A figura acima mostra que 91,10% dos resultados dos investidores de sucesso vêm da alocação estratégica, que é o que fazemos aqui na FORT CAPITAL, montar uma carteira diversificada, com pesos em diferentes classes de ativos com o rebalanceamento periódico. Apenas 8,9% vêm da alocação tática.
Sendo assim, o melhor caminho para a construção de riqueza continua sendo a diversificação em diferentes classes de ativos como ações, renda fixa, ações no exterior, fundos imobiliários, entre outras, sempre com foco no longo prazo.
Tentar acertar o momento ideal para comprar e vender, além de não ser a melhor estratégia ainda aumenta os custos operacionais, e riscos do portfólio.
Para saber mais sobre como criamos as melhores estratégias para você, leia o nosso artigo sobre Asset Allocation no link a seguir: Clique aqui!
Furo do Teto de Gastos e o Risco Fiscal
A bolsa brasileira fecha o mês de outubro com baixa de -6,74%, aos 103.501 pontos e acumula queda de -13,04% no ano.
A causa da queda da bolsa brasileira é influenciada pelo risco fiscal que estamos enfrentando com a flexibilização do teto de gastos, PEC dos Precatórios, além da não aprovação da reforma do imposto de renda e administrativa.
O risco fiscal é representado pelo furo do teto de gastos, que tem sido defendido para poder viabilizar o substituto do programa social Bolsa Família, o novo Auxílio Brasil.
O novo programa social, prevê um reajuste de 17,84% aos beneficiários do extinto Bolsa Família. O ministro da cidadania, João Roma, afirma que após a aprovação da PEC dos precatórios, o governo federal pagará um complemento que irá garantir a cada família assistida pelo programa social, até dezembro de 2022, o recebimento de pelo menos R$400,00, além da ampliação do benefício para 17 milhões de famílias.
Entenda a regra do Teto de Gastos
O teto de gastos é uma regra criada no ano de 2016 que limita o crescimento do gasto público à inflação do ano anterior.
Ela foi criada em 2016, para conter os gastos que cresciam excessivamente, evitando um deficit fiscal, que é o que ocorre quando um governo gasta mais do que pode, colocando em dúvida a capacidade de arcar com suas dívidas.
O teto de gastos funciona mais ou menos como um score ou classificação de risco para o cidadão comum: quando o seu score está baixo, você tem poucas chances de conseguir crédito no mercado, um financiamento, assim funciona com o governo. Quando o governo gasta mais do que pode, o mercado reage de forma negativa, geralmente migrando os investimentos do país e levando para outras economias mais seguras, que é o que conhecemos como fly-to-quality.
PEC dos Precatórios
Na madrugada do dia 4 de novembro, foi aprovada em primeira instância, na câmara dos deputados, a PEC dos Precatórios, que visa viabilizar o Auxílio Brasil e furar o teto de gastos para colocar recursos na campanha eleitoral de 2022.
A PEC propõe o parcelamento de dívidas judiciais da União com pessoas físicas e jurídicas, que deveriam ser pagas no ano que vem, um valor que chega a R$90 bilhões.
A PEC dos precatórios prevê que, além do parcelamento no pagamento da dívida em até 10 anos, ela irá corrigir o valor da dívida pela taxa Selic e muda a forma que é calculado o Teto de Gastos.
A ideia da PEC é pagar os precatórios de menor valor e deixar os de maior valor para outro período, dessa forma o governo tem espaço para o Auxílio Brasil.
Taxa Selic tem alta de 1,5% e fecha em maior patamar desde 2017 a 7,75%
Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, no dia 27 de outubro, o comitê aumentou a taxa básica de juros do país em 1.5 p.p. A taxa Selic passou de 6,25% para 7,75% ao ano. Foi a sexta alta consecutiva e a mais ampla do ano. A taxa Selic atinge o maior patamar em 4 anos.
Fonte IBGE
No comunicado divulgado pelo Copom destacamos:
O país sinaliza inflação persistente;
Há sinais de que na próxima reunião em dezembro, a Selic tenha outro aumento na mesma magnitude;
A tentativa de furar o teto de gastos pode gerar movimentos inflacionários ainda maiores.
Após fala do ministro da economia, Paulo Guedes, sobre furar o teto de gastos, o mercado passou a ver uma elevação ainda maior para a próxima reunião.
Para o fim de 2021, a expectativa do mercado passou de 8,25% para 9,25% ao ano e para o fechamento do ano de 2022, as expectativas da Selic também subiram de 8,75% para 9,5% ao ano.
Inflação segue pressionada
No dia 26 de outubro o IBGE divulgou o IPCA-15 (Índice de Preço ao Consumidor Amplo), que apresentou alta de 1,20%, 0,6 pp acima da taxa registrada em setembro, de 1,14%.
Acompanhe no gráfico abaixo a evolução do IPCA-15:
Fonte IBGE
Dos 9 grupos de produtos e serviços representados pelo IPCA-15, 8 grupos tiveram alta em outubro.
O maior impacto e maior variação vieram do grupo de transportes, da habitação e a na sequência alimentação e bebidas.
Veja gráfico a seguir:
Fonte IBGE
O maior impacto no grupo dos transportes veio das passagens aéreas, que subiram 34,35%. Além disso, o resultado do grupo foi influenciado também pela alta nos preços dos combustíveis. A gasolina subiu de 1,85% e acumula alta de 40,44% nos últimos 12 meses.
No grupo de habitação, o destaque mais uma vez se dá com a alta da energia elétrica, que contribuiu com o maior impacto individual no índice. Em outubro permaneceu em vigor a bandeira tarifária da Escassez Hídrica, que acrescenta R$14,20 na conta de luz a cada 100 kwh consumidos.
Outro item que que contribui dentro do grupo de habitação, foi o gás de botijão, cuja os preços subiram pelo 17º mês consecutivo e acumulam alta de 31,65% no ano.
Já no grupo de alimentação e bebidas, foi influenciado principalmente pela alimentação em domicílio. O preço das frutas subiu 6,41%, além disso, a batata inglesa, tomate, frango em pedaços, café moído entre outros itens tiveram altas significativas.
Para os analistas, com a inflação persistente, deve acelerar a alta da Selic, além das manobras do governo para furar o teto de gastos, como já citamos.
Bitcoin renova as máximas após queda de 50% em maio.
O mês de outubro foi o mês do Bitcoin voltar ao topo e ser alvo de muitos investidores. O Bitcoin fechou o mês de outubro com uma valorização de 39,93%, com o resultado, outubro foi o melhor mês de 2021 em termos de rentabilidade, superando o desempenho de fevereiro.
Falando em preço, o Bitcoin chegou a cair para os U$ 60 mil, mas conseguiu recuperar e fechou o mês de outubro, na casa dos U$ 61 mil.
A alta vem depois do lançamento de um ETF de Bitcoin no mercado norte americano. Agora é possível investir na criptomoeda na bolsa de Nova York, a partir de um fundo de ETF, que será indexado à evolução popular pela criptomoeda.
Há a expectativa que esse novo produto financeiro permita que investidores mais tradicionais participem desse mercado.
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