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Banco Master: o preço escondido dos CDBs de 140% do CDI e dos conflitos de interesse


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A liquidação extrajudicial do Banco Master, determinada pelo Banco Central em 18 de novembro de 2025, não é apenas mais um caso isolado. É um marco na história do sistema financeiro brasileiro, com intervenção de grande porte, prisão do controlador Daniel Vorcaro e suspeitas de fraudes bilionárias em operações de crédito. 


Por trás das manchetes, existe uma mensagem importante para qualquer investidor de alta renda: o problema não é só o banco, é a forma como boa parte do mercado é estruturada para vender produtos, não para cuidar do seu patrimônio.


A partir do caso Master, quero conversar com você sobre três pontos fundamentais.


  1. Por que, mesmo quando a taxa parece “irresistível”, a decisão nunca é simples.

  2. Como o modelo de comissões distorce as recomendações de muitos assessores e aplicativos.

  3. Por que um modelo sem conflito de interesses, como o que usamos na Fort Capital, é a única forma madura de fazer planejamento financeiro sério.




1. CDB de 140% do CDI não é decisão simples



Durante anos, o Banco Master captou recursos oferecendo CDBs entre 120 e 140 por cento do CDI, muito acima da média do mercado.   Para quem olhava apenas a taxa, parecia uma oportunidade óbvia: renda fixa, alta rentabilidade e, em muitos casos, com o carimbo “coberto pelo FGC”.


Esse é o primeiro erro de leitura.


Quando você compra um CDB, não está comprando “CDI mais alguma coisa”. Você está emprestando dinheiro para um banco específico, com um risco específico. A taxa é o preço desse risco. Quanto maior a taxa, maior o recado: o mercado exige um prêmio alto para topar emprestar dinheiro para aquele emissor.


No caso do Master, esse prêmio vinha acompanhado de um passivo gigantesco. A liquidação extrajudicial envolve dezenas de bilhões de reais em depósitos e investimentos elegíveis à garantia do Fundo Garantidor de Créditos, com cerca de 1,6 milhão de credores na fila do FGC.   É o maior teste de estresse da história do fundo e um lembrete de que “renda fixa conservadora” nunca é sinônimo de risco zero.


Mesmo com o FGC atuando, a proteção tem limites e custos:

Quem tem até 250 mil reais por CPF por instituição conta com cobertura. Acima disso, entra na massa falida, com recuperação incerta. Além disso, o FGC não paga no dia seguinte; há um intervalo entre a liquidação, a consolidação da base de dados e o efetivo ressarcimento. 


Ou seja, aquele CDB “simples”, que parecia só uma linha a mais na sua carteira de renda fixa, na prática era uma decisão de crédito complexa, que exigia análise de balanço, governança, modelo de negócios e sustentabilidade da margem do banco.


Quando a instituição precisa oferecer 140 por cento do CDI para atrair investidores e, ao mesmo tempo, bancar comissões muito acima da média de mercado, a conta tende a não fechar no longo prazo. E, quando não fecha, a dor não é teórica. Ela aparece na vida real de quem acreditou que bastava olhar para a taxa.



2. Quando o interesse do assessor vale mais que o seu



Nada disso teria ganhado a dimensão que ganhou se os incentivos no varejo de investimentos fossem alinhados ao interesse do cliente. Mas não são.


O modelo dominante no Brasil ainda é baseado em comissões: o banco ou a corretora é remunerado pelo produto que consegue vender para você. No caso do Banco Master, esse incentivo foi levado ao extremo. Relatos amplamente divulgados no mercado mostram que o banco chegou a pagar comissões em torno de 4 por cento para agentes que empurrassem seus CDBs, enquanto grandes bancos pagam algo próximo de 0,5 por cento em produtos similares. 


Traduzindo em números para ficar bem claro:

Em uma aplicação de 1 milhão de reais, uma comissão de 4 por cento significa 40 mil reais indo direto para o bolso de quem vendeu o produto. Em muitos casos, esse valor é pago de forma antecipada, o que torna ainda maior o incentivo para que o assessor “insista” naquele CDB específico.


Agora, faça o exercício inverso.

Coloque-se no lugar do assessor ou do aplicativo da corretora que vive de comissões. Ele tem duas opções de CDB para te oferecer:

Um banco sólido, pagando uma taxa menor e uma comissão pequena.

Um banco que paga 140 por cento do CDI e uma comissão de 4 por cento.


Qual desses produtos você acha que vai ganhar destaque no banner do aplicativo e no discurso de “oportunidade imperdível”?


Não é coincidência que tantos investidores sequer tinham ouvido falar do Banco Master antes de vê-lo brilhando na vitrine digital com taxas agressivas. Esse brilho vinha de incentivos distorcidos, não de segurança.


Para piorar, o discurso dominante simplifica um problema complexo:

“É renda fixa.”

“Tem FGC.”

“É banco, não tem erro.”


Enquanto isso, a análise de risco de crédito, de governança e de sustentabilidade do modelo de negócios ficava em segundo plano, quando não era simplesmente ignorada. Analistas independentes de renda fixa vinham chamando atenção para esses riscos há anos, justamente por não dependerem dessas comissões para sobreviver. 


Quando o modelo de remuneração é construído para maximizar a comissão, a recomendação deixa de ser um ato técnico e passa a ser, muitas vezes, um ato comercial. E é aqui que você, investidor, precisa ligar o alerta.



3. Por que o modelo sem conflito de interesses é o único caminho sustentável



Na Fort Capital, desde o primeiro dia, escolhemos seguir por outro caminho.


Nosso modelo parte de um princípio simples: quem paga a conta é o cliente, não o produto. Isso significa que nossa remuneração vem de você, e não de comissões escondidas nos CDBs, fundos ou seguros que eventualmente compõem sua estratégia patrimonial.


Na prática, isso se traduz em algumas posturas muito claras.


Primeiro, não faz sentido para nós “forçar” um produto porque paga mais comissão, já que não recebemos esse tipo de incentivo. Nosso trabalho é olhar para o seu patrimônio como um todo, entender seus objetivos, seu horizonte de tempo, sua tolerância a riscos e, a partir daí, desenhar uma estratégia coerente, diversificada e sustentável.


Segundo, temos liberdade técnica para dizer não.

Dizer não para o banco da moda.

Dizer não para o CDB que virou queridinho do aplicativo.

Dizer não para operações que dependem de alavancagem excessiva ou de práticas que colocam seu patrimônio em risco para sustentar o bônus de alguém.


Foi justamente essa postura que fez com que clientes sob nossa orientação não estivessem expostos aos CDBs do Banco Master. Não porque temos bola de cristal, mas porque levamos muito a sério a análise de risco de crédito e a coerência entre taxa e risco. Para nós, não bastava a taxa ser alta; ela precisava ser sustentável em relação ao perfil do emissor.


Ter independência tem custo. Como mostra a experiência de analistas que passaram anos alertando sobre riscos em bancos e emissores problemáticos e, em troca, receberam notificações, ameaças e tentativas de silenciamento, dizer a verdade no mercado financeiro não é confortável. 


Mas, assim como eles, nós também preferimos pagar o preço da independência a comprometer nossa responsabilidade com quem confia a vida financeira nas nossas mãos.



O que você pode fazer daqui para frente



O caso Banco Master não é apenas um susto que “passa quando o FGC pagar”. É um chamado à maturidade financeira.


Alguns pontos para levar com você, independentemente de com quem invista hoje.


Sempre desconfie do retorno fácil

Se a taxa parece boa demais para ser verdade, trate isso como um convite para estudar mais, não como um sinal verde automático. Banco não imprime dinheiro. Se está pagando 140 por cento do CDI, essa conta precisa fechar em alguma outra ponta, geralmente aumentando o risco. 


Questione o modelo de remuneração de quem te atende

Pergunte de forma direta como seu assessor ou plataforma ganha dinheiro com você. Se a resposta gira em torno de comissões de produtos, saiba que há um conflito de interesses estrutural. Isso não significa que todas as recomendações serão ruins, mas significa que o incentivo não está perfeitamente alinhado ao seu.


Busque transparência e alinhamento total

Modelos em que o cliente paga pelo serviço e o profissional abre mão de comissões criam um ambiente em que o conselho pode ser técnico, sem amarras comerciais. É esse o modelo que adotamos na Fort Capital. Nosso compromisso é com o seu plano de vida, não com a meta de venda de produto.


Se você já se sentiu mal orientado ou percebeu, agora, que parte da sua carteira foi montada com base em “taxa alta mais FGC”, esse pode ser o momento de reavaliar suas posições com calma, revisar emissor por emissor e reconstruir sua estratégia em bases mais sólidas.



Conclusão: proteger o patrimônio começa na escolha do modelo, não do produto



O caso Banco Master vai entrar para a história como um dos maiores testes de estresse do FGC e como um exemplo doloroso de como incentivos tortos podem destruir patrimônio e confiança em pouco tempo. 


Para o investidor de alta renda, a lição central é clara.

A decisão realmente importante não é entre 110 ou 140 por cento do CDI. É entre continuar em um modelo baseado em comissão, em que você é o meio para alguém bater a meta, ou migrar para um modelo independente, em que você é o foco e o centro de todas as decisões.


Na Fort Capital, nós escolhemos, desde o início, trabalhar sem conflitos de interesse, com total transparência e alinhamento aos seus objetivos. Se você quiser revisar sua carteira à luz de tudo o que está acontecendo e construir um plano que não dependa de “aposta em banco da vez”, estamos à disposição para conversar com calma, linha por linha, decisão por decisão.

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